Sempre pontual!

sábado, 18 de junho de 2011

Elementos personalizados da nossa Língua


Nossa Língua Portuguesa
Esta é uma redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE
(Universidade Federal de Pernambuco - Recife) e que obteve vitória
em um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira
de Gramática Portuguesa.
"Era a terceira vez que aquele substantivo
e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com um aspecto plural,
com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida.

E o artigo era bem definido, feminino, singular:
era ainda novinha,
mas com um maravilhoso predicado nominal.
Era ingênua, silábica, um pouco átona,
até ao contrário dele:
um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem,
fanáticos por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo gostou dessa situação:
os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir.
E sem perder essa oportunidade,
começou a se insinuar, a perguntar, a conversar.
O artigo feminino deixou as reticências de lado,
e permitiu esse pequeno índice.

De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro:
ótimo, pensou o substantivo,
mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.
Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses,
quando o elevador recomeça a se movimentar:
só que em vez de descer,
sobe e pára justamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal,
e entrou com ela em seu aposto.
Ligou o fonema,
e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma
fonética clássica, bem suave e gostosa.
Prepararam uma sintaxe dupla para ele
e um hiato com gelo para ela.
Ficaram conversando, sentados num vocativo,
quando ele começou outra vez a se insinuar.
Ela foi deixando,
ele foi usando seu forte adjunto adverbial,
e rapidamente chegaram a um imperativo,
todos os vocábulos diziam que iriam terminar
num transitivo direto.

Começaram a se aproximar,
ela tremendo de vocabulário,
e ele sentindo seu ditongo crescente:
se abraçaram, numa pontuação tão minúscula,
que nem um período simples passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando
ela confessou que ainda era vírgula
ele não perdeu o ritmo
e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.
É claro que ela se deixou levar por essas palavras,
estava totalmente oxítona às vontades dele,
e foram para o comum de dois gêneros.
Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa.
Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos,
ele foi avançando cada vez mais:
ficaram uns minutos nessa próclise, e ele,
com todo o seu predicativo do objeto,
ia tomando conta.

Estavam na posição de primeira
e segunda pessoas do singular,
ela era um perfeito agente da passiva,
ele todo paroxítono,
sentindo o pronome do seu grande travessão
forçando aquele hífen ainda singular.
Nisso a porta abriu repentinamente.

Era o verbo auxiliar do edifício.
Ele tinha percebido tudo,
e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois,
que se encolheram gramaticalmente,
cheios de preposições, locuções e exclamativas.

Mas ao ver aquele corpo jovem,
numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica,
o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios
e declarou o seu particípio na história.
Os dois se olharam,
e viram que isso era melhor do que
uma metáfora por todo o edifício.

O verbo auxiliar se entusiasmou,
e mostrou o seu adjunto adnominal.
Que loucura, minha gente.
Aquilo não era nem comparativo:
era um superlativo absoluto.
Foi se aproximando dos dois,
com aquela coisa maiúscula,
com aquele predicativo do sujeito
apontado para seus objetos.
Foi chegando cada vez mais perto,
comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo,
propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que as condições eram estas:
enquanto abusava de um ditongo nasal,
penetraria ao gerúndio do substantivo,
e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar
num artigo indefinido depois dessa,
pensando em seu infinitivo,
resolveu colocar um ponto final na história:
agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo,
jogou-o pela janela e voltou ao seu trema,
cada vez mais fiel à língua portuguesa,
com o artigo feminino
colocado em conjunção coordenativa conclusiva."