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domingo, 27 de abril de 2008

A arte de bem comer II

Quando se fala de arte na cozinha, nossa memória de imediato ativa imagens de pratos exóticos, preparados especiais para ocasiões especiais com combinações de cores e enfeites sobre uma mesa decorada com toque artístico em todos os seus elementos: pratos, talheres, guardanapos, copos, etc. Para se tornar arte, a culinária passou por um processo muito antigo que foi se desenvolvendo até transformar-se nas variações em termos de paladar e facilidades de aquisição, que encontramos nos dias de hoje. Estudos pioneiros no ramo da dietética – ciência que só surgiria mais tarde – foram feitos na “Coleção Hipocrática” – resultado de trabalhos dos séculos VI e III a.C. Ali consta que além da preocupação com a aparência e o paladar do que comiam, os gregos desenvolveram também uma grande curiosidade pelas qualidades nutritivas dos alimentos. Os povos romanos (que vieram depois), herdaram o patrimônio da cozinha grega, mas descartaram muitos dos seus costumes. Permaneceram fiéis aos seus rústicos pães chatos de farinha grossa, refugando o pão fermentado, comum na Grécia. Rejeitaram também o preconceito que os gregos tinham em relação ao leite de vaca que consideravam insalubre. Diluído em água, qualquer tipo de leite agradava aos romanos. Durante muito tempo o peixe não fez parte da alimentação dos romanos. “Comidas do mar”, não lhes agradavam. Mas, com a queda da República e o início do Império, desenvolveu-se uma gastronomia extravagante, que fez renascerem as esquecidas receitas gregas, estimulou as importações de gêneros de luxo e transformou em requinte, pratos excêntricos como ostras, que eram conservadas em “adegas” especiais, refrigeradas com gelo e neve. A opulência na alimentação, contudo, permaneceu um privilégio das classes altas. O povo – principalmente o exército – continuou durante o Império a comer praticamente o mesmo que comia durante a República: uma dieta muito parecida com a que o povo grego conhecera, séculos antes. Vimos, na edição anterior, que foi o Renascimento quem determinou o ressurgimento da culinária como arte. A rainha Catarina de Medicis, no séc. XVI, levou para a França cozinheiros italianos e introduziu um refinado capricho na alimentação. Mais tarde os reis Luís XVI e Luís XV, fizeram uma contribuição decisiva na formação da tradição culinária francesa. Veio a Revolução que botou abaixo o antigo regime e submeteu a gastronomia francesa a um abalo violento, porém, não destruiu seu prestígio e continua ainda hoje a servir como padrão ideal para aqueles que gostam de comer bem em todo o mundo. Hoje em dia, mesmo o gastrônomo de gosto mais exótico, certamente sentirá calafrios ante a idéia de comer pastéis de camundongo. No entanto, esse era dos supremos requintes da cozinha de um famoso restaurante da Idade Média. O fato é que com o tempo mudaram os gostos como também a idéia do que seja comer bem. E muitos dos métodos usados na antiguidade para a preservação de alimentos, passaram de povo a povo e chegaram aos nossos dias. Graças aos métodos científicos de conservação e aos meios de transporte rápido, o ser humano contemporâneo pode ter ao seu alcance aquilo que o mundo inteiro produz em matéria de alimento. E mesmo os habitantes das regiões mais remotas podem desta forma, garantir sempre uma alimentação variada e nutritiva.

ARTES

Artes “menores” Quando se fala de artes plásticas, pensa-se em pintura, escultura e arquitetura, que são as três grandes. Embora existam tantas outras, são menos cogitadas. Desenho, pintura e escultura são denominados “belas artes” e seus praticantes recebem o título de artistas plásticos ou visuais. Enquanto isso a ourivesaria, a cerâmica, o mosaico, a tapeçaria e outras artes igualmente belas, incluem-se noutra categoria: a das artes menores. Essa classificação às vezes se torna irônica, quando artesões habilidosos produzem peças tão magníficas que se afirmam por si mesmas como exemplos de obras-primas ao nível artístico de “arte maior”. Em todas as épocas, grandes talentos como o pintor Raffaello Sanzio, o artesão Benvenuto Cellini e Pablo Picasso têm recorrido a elas para expressar suas idéias sobre a beleza, criando obras que podem ser consideradas como arte maior. Em alguns países, em vez de artes menores, usa-se o termo artes decorativas. E, de fato, muitas delas se aplicam à ornamentação de prédios, ambientes e de obras artísticas monumentais. A diversidade de materiais e técnicas de trabalho empregados nas artes decorativas divide-as em vários grupos, cada qual com sua história, seus grandes criadores e estilos característicos – alguns com suas obras-primas, famosas no mundo inteiro. Utensílios cinzelados em metal foram usados por diversas civilizações antigas. Bandejas e taças, objetos rituais e jóias, escudos e armas, feitos de ouro, prata, cobre e ferro, constituem achados freqüentes das expedições arqueológicas. A arte da cinzelaria foi praticada intensivamente na Europa durante a Idade Média, quando surgiram obras como o altar de ouro feito pelo artesão Volvínio para a Basílica de Santo Ambrósio em Milão. Benvenuto Cellini, que viveu durante a Renascença e realizou trabalhos admiráveis no campo da cinzelaria, fez da Florença o grande centro da arte dos metais e do cinzel. Da mesma forma, elaborados adornos em ferro batido tornaram-se recursos amplamente usados na Europa durante o período medieval para a decoração de igrejas e palácios. Também nos séculos seguintes e ainda hoje, essa arte é muito cultivada na Espanha. A tecelagem é uma técnica que o homem aprendeu em tempos muito remotos. Porém a tapeçaria, que é uma tecelagem de padrões ornamentais, para adorno de paredes, surgiu no Egito antigo. Seu tecido básico é tramado com lã. Sobre ele, fios de seda, prata e ouro compõem cenas humanas, paisagens ou natureza morta. Os tapetes são feitos apenas com lã. Os persas e turcos – que são os mais famosos – caracterizam-se pelos motivos geométricos, florais ou cenas de caças. Já nos tapetes chineses, também de grande beleza, predominam os desenhos elaborados e as figuras de dragão. A tecelagem artística também produz outros tipos de tecidos adornados, para uso em vestuário e decoração doméstica. Entre nós vemos todos os dias artesanatos diversos: caixinhas, panos de prato, enfeites em em objetos; assim também, o conjunto de cestarias coloridas e as esteiras e peneiras ainda hoje confeccionadas pelas tribos guaranis da mesma forma como o faziam seus ancestrais, é um exemplo de artes menores nas raízes das missões. A grandiosidade das artes menores se torna evidente quando visitamos um castelo ou mesmo uma tribo indígena quando sua presença expõem a beleza e o bom gosto de seu povo e ao mesmo tempo preenche o grande vazio do ambiente. (Pesquisa: Revista / Enciclopédia Cultural)

Relato do Projeto

RESGATE DA ARTE BARROCA MISSIONEIRA Nasci em Caibaté onde cresci ouvindo lendas, mitos e histórias reais e fictícias da saga missioneira. Natural curiosidade fez-me conhecer mais sobre a história das Missões. Relacionado a ela, encontrei um manancial de artistas em São Luiz Gonzaga onde fixei residência em 2003. Interpretei como fruto de grandes Mostras Internacionais da Arte Missioneira realizadas no passado. Autodidata em artes plásticas, no ato do remanejo fui destinada à E. E. de Ens. Fund. Dr. Mário Vieira Marques - CIEP, para atuar como professora nas Oficinas de Artes com 3ª e 4ª séries do Ensino Fundamental. A escola localiza-se na periferia de SLG, próxima ao presídio. Os alunos provém em sua maioria, de famílias desestruturadas socialmente, bem pobres, onde o responsável sustenta a família com menos de salário mínimo mensal. Trabalham como catadores de papelão, garrafas pet, cortadores de grama e outros serviços de “picaretagem” (sem data fixa). Alguns dos alunos têm os pais presos por infrações...São crianças rebeldes, desmotivadas, sem ânimo para estudar. As professoras vivem o desafio de abrandar protestos, cenas de violência, falta de respeito, furtos, etc. e a necessidade de definir limites, procurando dar a educação básica que compete à família. Como profª de Arte, vejo nesse ramo uma forma de diminuir as penas cruciais em que vivem as crianças. Sinto-me desafiada a transmitir o gosto pela arte, em proporcionar momentos prazerosos para atenuar os conflitos que trazem de casa. Observo que em geral correspondem, mudam de comportamento. Percebo que a música os condiciona a entrar no clima de concentração... Ao trabalhar com desenho, pintura, música (canto) e dramatização, constatei em alguns alunos, bastante facilidade, interesse e natural motivação para essa arte, contrastando com as demais atividades em outras disciplinas. Desde que cheguei, observei no rostinho de vários alunos, traços bem marcantes da etnia indígena guarani. Fiz um levantamento sobre o possível parentesco com as tribos de nativos que aqui viveram no passado. Fiquei surpresa e triste ao perceber que “ninguém queria ter descendência de índio!” Houve gestos de repulsa entre as crianças de traços mais evidentes. Questionei sobre os motivos da reação de repulsa. Alegaram, prontamente: “Índio é feio, é pelado; não tem onde morar, nem o que vestir. Só vende balaios (cestos de taquara) nas ruas”. Quando soube do Projeto VIII Prêmio Arte na Escola Cidadã / 2007 através do hotsite repassado às escolas pela 32ª CRE, interessei-me pensando que “Resgate da Arte Missioneira” seria o tema ideal para valorizar a arte indígena e devolver sua auto-estima, em declínio. Resolvi colocá-lo em ação, com incentivo da escola e apoio da colega, Profª Marisa, que auxiliou com material. Além de estudar a arte como um todo, pensei em especificar o assunto e colocar o título: “Resgate da Arte Barroca Missioneira,” oportunizando aos alunos o conhecimento e destacando as características desse estilo trazido da Europa, único no Brasil e no mundo (diferente do barroco mineiro e europeu) e assim ressaltando a importância das obras criadas pelos ancestrais guaranis. O primeiro passo: pesquisar na Wikipédia, em diversos sites da internet e em livros disponíveis na biblioteca local, referentes ao assunto; base para iniciar um diálogo expositivo na sala de aula. Com as duasturmas de 4ª série, o assunto foi mais aprofundado, usei mostras de imagens e fotografias das obras existentes. Na sala de informática oportunizei a pesquisa pelo Google sobre Arte Barroca Missioneira. Para as duas turmas de 3ª série fui menos detalhista na explicação e menos exigente nos resultados. Em 2º plano, fiz um roteiro e visitei com os alunos, diversos espaços artísticos e turísticos no centro da cidade que a maioria não conhecia. A Profª Marisa aceitou acompanhar-nos. Com breve preparo, fomos ter contato direto com as obras barrocas da igreja matriz católica de cores fortes e posição de movimento em alto relevo esculpidas em madeira. Observar de perto o santo de “pau oco”, usado pelos jesuítas na dramatização para catequese. Entrevistamos o artista plástico Arno Schleder que estava pintando um quadro com tema indígena no Atelier de Artes Los Libres. Solicitamos palestra com o escultor Vinícius Ribeiro no seu ambiente de trabalho. Na Galeria Histórica os alunos puderam apreciar quadros de diversos vultos importantes e uma bela maquete, moldada em resina, modelo de planta, reproduzindo a organização das reduções jesuíticas dos Sete Povos das Missões. Visitamos também: dois museus e o Centro de criatividade “Arte Nossa”, todos com importantes fontes de pesquisa e acervos de imagens e obras de inestimável valor histórico. De volta à escola, a turma foi relatando o que viu. Diversas atividades foram desenvolvidas. Eis algumas: Estátuas em estilo barroco – reproduzir pelo desenho quadriculado nos tamanhos normal, reduzido e ampliado. Arcos e fachadas – modelagem em dois tipos de massinhas e após também com argila. Música – conhecer a letra e melodia de autores missioneiros. Quatro atividades ficaram no plano para serem desenvolvidas após o envio do relato junto com a inscrição: Resgatar a música e a melodia indígena guarani; dramatizar o Jesuíta catequizando os índios guarani; construir maquete a partir de planta-modelo das reduções e, produzir máscaras de gaze com gesso (santos contemplativos e índios). Com as atividades feitas, pude constatar que os educandos demonstraram um aumento significativo de entusiasmo e interesse em conhecer a Arte passada e presente das Missões. Percebi que foram aceitando, aos poucos, com maior prazer todas as atividades, e a partir delas, os descendentes indígenas, mudaram sua postura, construíram conceitos novos sobre os valores herdados dos ancestrais e passaram a compreender o fato de serem os seus antepassados, o alvo turístico nas missões, hoje.

Painel do Projeto

Painel montado com recortes e colagens a partir de pesquisas, passeios e estudos. Ampliação de conhecimentos sobre a Arte Barroca Missioneira.

Atelier Vinícius Ribeiro



Novidades em materiais, formas e estilos.

Atelier de Artes Los Libres

Pesquisa de material usado nas esculturas

Atelier de Artes Los Libres

Pesquisa de material usado nas esculturas