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quarta-feira, 7 de maio de 2008

A arte da escrita

abc ABC abc ABC A arte de bem escrever

São quatro os tipos de letras usadas no ensino da escrita

Escrever significa traçar bem a letra como também redigir. Neste texto vale a primeira opção para complementar o texto anterior: “Do desenho à letra” que discorre sobre a evolução dos sinais gráficos ao longo da história. Baseado em reportagem de autor ignorado, publicado na revista “Conhecer” da editora Abril Cultural, podemos ver como a habilidade de traçar corretamente as letras nos diferentes povos já teve importância histórica e, à medida que ia perdendo importância foi sendo simplificada.

Toda atividade inicial da criança na escola era voltada para o treino da letra e o manuseio correto do lápis. Reproduzir linhas e “bolinhas” fazia parte da rotina da criança nas primeiras semanas de escola.

Eram quatro – e continuam sendo – os tipos de letras expostas em cartilhas e ensinadas simultaneamente. Letra de imprensa e cursiva nas formas: maiúscula e minúscula. O aluno fazia a leitura da letra de máquina e copiava em letra cursiva (à mão). Com isso ia diferenciando uma da outra.

Com o decorrer do tempo a máquina de escrever, seguida do computador foi ocupando o lugar da escrita manual dentro e fora das escolas. No mesmo ritmo foram surgindo dificuldades no ensino-aprendizagem.

O PPP – Projeto Político Pedagógico das escolas parte do princípio de que nada se recebe pronto, que tudo necessita de uma construção, inclusive o conhecimento. Os planejamentos hoje estão sendo direcionados para que o processo de alfabetização se desenvolva de uma forma mais dinâmica e lúdica, atendendo as necessidades da clientela. Sabemos que cada vez mais, a criança já vem para a escola com uma bagagem de conhecimentos adquiridos no seu mundo pessoal. Ela está em contato constante com letras maiúsculas e minúsculas de todo tipo que estimulam seu aprendizado. Diferente do que era antigamente, a criança já não espera que a professora mostre de que lado deve começar o traçado. Já vai riscando do seu jeito, adiantando o trabalho e promovendo a sua auto-aprendizagem num ritmo cada vez mais acelerado. Então, é de extrema importância que ela tenha à sua disposição os mais diversos materiais que permitam desenvolver o ser como um todo, de forma integral. Material adequado à idade como peças de encaixe, quebra-cabeças, massinhas de modelar, etc., ajudam trabalhar a motricidade ampla e fina e permitem fazer os movimentos específicos e necessários ao manuseio do lápis no ato de escrever.

Muitas vezes a criança entra na escola sabendo traçar algumas letras e enquanto a professora atende alguns alunos da classe, outros já escrevem de qualquer modo. Convém dar noções de direção, tamanho e espaço para que percebam a forma das letras e a maneira de riscar seu traçado.

Apesar de hoje não haver mais a preocupação tão acentuada em relação à escrita bonita, em nada mudou em relação ao traçado correto e legível. Para sanar casos de dificuldades, onde não é possível decifrar a letra de alunos em séries mais avançadas e, mesmo nas séries iniciais, é possível corrigir e melhorar sua aparência através de exercícios de caligrafia.

Kalli significando beleza e grafia, a escrita – caligrafia é a arte da escrita bela. E como expressão de arte, está sendo definida em nossos dias. Todos que aprendem a ler e escrever desenvolvem a sua própria caligrafia. Construída ao longo dos anos, a caligrafia é uma expressão pessoal. Paralelo a isso, a grafologia, que estuda a personalidade do indivíduo, parte do princípio de que a escrita é a expressão própria da personalidade.

Do desenho à letra

Desde que o mundo é mundo e o ser humano se conhece “por gente”, ele sabe da sua necessidade de comunicação. Há oito mil anos atrás os trogloditas já procuravam registrar para a posteridade os fatos mais significativos de sua vida – os perigos pelos quais passavam e suas façanhas de caça. Faziam-no por meio de desenhos gravados nas paredes das cavernas.. Conta a história que em certas grutas da França e da Espanha, ainda hoje se podem ver exemplos de “escrita” figurativa – cujas “letras”são as próprias imagens do homem e dos animais da época: bisões, ursos, veados, lobos, javalis, etc. Essas narrativas em murais demonstram que, embora os “escritores” da época tivessem bem pouco talento literário, dispunham de uma grande habilidade plástica, pois seus desenhos reproduziam com muita fidelidade os modelos. A arte de contar histórias por meio de figuras, criada pelo homem pré-histórico, preservou-se através dos tempos. Estava em pleno uso três mil anos depois, entre os egípcios, que já não eram primitivos, ocupados apenas em caçar e fugir dos bichos que não conseguiam abater. Viviam sim, numa sociedade organizada, já bastante complexa, e sua escrita refletia isso. Empregavam sinais capazes de exprimir as mais diversas situações e fatos. Com o passar do tempo ocorria a transformação do significado e do formato dos hieróglifos – nome dado aos caracteres egípcios que designavam objetos com os quais se pareciam. Os escribas tinham que trabalhar depressa e não podiam caprichar muito nos desenhos que faziam e, por isso, as figuras foram simplificando-se gradualmente. Mais ou menos na mesma época, desenvolvia-se na China um sistema de escrita que também fazia uso de desenhos estilizados, cada qual representando um ser, um fato, objeto ou idéia. Enquanto outros povos sintetizavam suas formas de escrita, diminuindo o número de sinais empregados para tornar mais fácil a tarefa de ler e escrever, a escrita chinesa mudou bem pouco. Até hoje os chineses utilizam milhares de caracteres para se comunicar. Os fenícios eram bons comerciantes e gostavam das coisas bem práticas. Desenvolveram um sistema de escrita composto de apenas 22 sinais. Em vez de indicar idéias completas, representavam unidades de som, as quais, em conjunto, constituíam as palavras. Viajando por toda parte, divulgaram seu sistema entre diversos povos, mas foi na Grécia que encontrou melhor recepção e condições de evolução rápida. Depois de completar e aperfeiçoar o alfabeto fenício, os gregos o deram de presente aos romanos, que o adaptaram à língua latina. No setor do manuscrito o progresso foi pequeno porém, no da escrita impressa foi enorme. O desenho das letras se modificou, a distribuição de espaços também e mil e um melhoramentos foram adotados para tornar a escrita mais clara, mais bonita e mais fácil de ler. Graças ao sistema Braille de impressão em relevo, hoje também cegos e míopes têm acesso à leitura. Em vista desta evolução, não podemos prever como será a escrita daqui a centenas de anos. Mas podemos imaginar que será algo de deixar pasmo o troglodita das cavernas – primeiro homem a dizer as coisas por escrito.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Arte Literária


Arte literária
Moacyr Scliar, escritor gaúcho, é nome forte da Literatura Brasileira. A foto, crédito do Tiaraju, é flagrante no clube Harmonia - SLG.
A literatura é uma entre tantas formas de manifestação da arte, como o são a pintura, a arquitetura, a música, a dança, a escultura. Como toda arte, ela é a transfiguração da realidade, recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros com os quais ela toma corpo e nova realidade. É uma arte verbal, isto é, o seu meio de expressão, seu recurso, a matéria prima é a palavra.
Sabemos que o uso da palavra não é um privilégio do escritor, pois ela serve como forma de comunicação para todas as pessoas. No entanto, há uma diferença entre a linguagem literária e aquela usada na comunicação diária; essa diferença está no trabalho pessoal e criativo do escritor durante a elaboração de seus textos quando faz com que as palavras ganhem novos significados, além daqueles que já possuem.
O conteúdo de uma obra literária não pode ser confundido com cenas da vida real. Os novos significados utilizados no texto literário devem ser descobertos pelo leitor, num processo ativo de decodificação do texto. O nível de compreensão dependerá da familiaridade que o leitor tem com a literatura e da sua bagagem cultural.
O escritor literário, ao elaborar o texto, não trata de tudo, apenas seleciona o que julga mais relevante e organiza o texto de modo a provocar um impacto no leitor, vai criando uma outra realidade, a realidade artística.
Muitas vezes, situações que pouco nos afetam em nossa vida diária chegam a provocar emoção quando lidas num poema ou num romance, só por serem expressas em linguagem artística.
A literatura é essencialmente ficção. Numa obra literária o que predomina é a imaginação do escritor, que goza da mais completa liberdade de criação. E para chamar a atenção do leitor sobre determinados aspectos da vida, o escritor pode criar uma história absurda, pois a presença do absurdo ou do fantástico, dá ao texto uma dimensão altamente simbólica, causando um impacto no leitor e fazendo-o refletir sobre o sentido daquela transfiguração da realidade.
A literatura como uma das formas de expressão da sensibilidade humana também participa do processo de transformação que ocorre periodicamente na vida em sociedade. Os escritores de hoje não escrevem como os do século passado que por sua vez escrevem diferente de seus antecessores e, assim por diante. A própria concepção de arte literária sofre modificações com o passar do tempo. O que um poeta do século passado escrevia nem sempre é aceito por outro do nosso século. Assim também ao compararmos as obras de autores de diversas épocas, perceberemos muitas diferenças entre elas, não só quanto à linguagem, mas também quanto ao modo de encarar a vida. Isso acontece porque a literatura é um processo contínuo, que se desenvolve acompanhando de perto as mudanças que ocorrem na sociedade. Por isso, para se compreender bem um estilo literário, deve-se estudar não só as obras mas também, a vida dos autores e a situação histórico-cultural em elas foram escritas.
Compreender essa característica da literatura é compreender por que a verdadeira obra de arte permanece através do tempo, despertando o interesse de muitas e muitas gerações de leitores.