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domingo, 25 de novembro de 2007

Desenho realista

Em recente oportunidade ficou nesta coluna, a definição de desenho como “registro visual das imagens que vemos ou imaginamos”. Podemos especificar mais, definindo desenho como “a interpretação que damos a qualquer realidade, visual, emocional, psicológica e intelectual através da representação gráfica”. Considerando que o desenho é a base de qualquer trabalho visual, o conhecimento e o domínio de seus elementos se torna indispensável para quem deseja praticar artes plásticas. Através do estudo de desenho, o aluno terá oportunidade de conhecer para depois dominar esses elementos. Como ponto de partida no aprendizado temos a composição. Antes de medir as proporções e verificar as formas de um objeto a ser desenhado, precisamos saber colocar esse desenho no espaço adequado. De acordo com o arte-educador paulista, Philip Hallawell, “compor é organizar os elementos do desenho: linhas, pontos, manchas, cores e os espaços vazios de maneira equilibrada no espaço disponível. É o mesmo que se faz quando se arranja flores num vaso; é o que faz o fotógrafo, quando enquadra o assunto da fotografia”. A representação realista num espaço de papel é apenas parte do universo do desenho. É usar pontos, traçados e espaços da linguagem gráfica para comunicar impressões da realidade. É o meio para se adquirir o domínio sobre os fundamentos do desenho levando também a conhecer os elementos essenciais. No exercício do desenho de observação, desenvolve-se o senso de proporção, espaço, volume e planos. A sensibilidade e a intuição serão aguçadas enquanto se passa a apreciar também a textura, cor, estrutura e composição. Todos estes elementos são essenciais para a interpretação da realidade e proporcionar ao artista a total liberdade de exercer sua criatividade como quiser. O modo de interpretar será sempre o resultado de uma opção. O desenho realista que sugere exercícios de observação, garante ao artista os meios para desenvolver sua criatividade. Há inúmeros exemplos de artistas tanto clássicos quanto modernos que dominavam o desenho de observação e foram criadores de uma arte inovadora e revolucionária. É importante ressaltar, que o domínio do desenho não depende de habilidade manual, nem de conhecimento de técnicas, nem tampouco de um olhar diferenciado. Depende, isto sim, de um pensamento diferente que ele vai adquirindo. Para poder ver de uma maneira adequada para desenhar, é necessário pensar de uma maneira adequada, diferente do utilizado no dia-a-dia. Por esse fator, o desenho é um instrumento educacional muito rico, com uma abrangência maior do que se imagina. O aprendiz de desenho acaba aplicando esses pensamentos diferenciados a outras atividades, pessoais e profissionais. Torna-se mais crítico à sua realidade, mais sensível e mais criativo de forma geral e acaba enriquecendo também suas relações familiares. O mais importante em todo esse processo de aprendizado artístico, é que ele enriquece e causa enorme prazer. Isso coloca a materialização do produto artístico em segundo plano, pelo menos no início. Qualquer pessoa pode aprender a desenhar assim como se aprende a ler e fazer contas. Não é fácil, como não é fácil aprender a ler e escrever, mas não depende de “dom”. Porém, ao utilizar o desenho para criar algo significativo como uma obra de arte, é necessário, além do domínio dos elementos do desenho, usar e expor sensibilidade, inteligência, perspicácia e expressividade.

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