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sábado, 8 de setembro de 2007

Arte barroca missioneira

A convite, ocuparei esse espaço para escrever sobre a influência da arte na educação. 
Trabalhando com Oficina de Artes na escola, experimento diariamente a abrangência da arte e o resultado positivo que o trabalho artístico provoca, fazendo com que o aluno busque mais interesse nas outras áreas, eleve sua auto-estima e se transforme num observador crítico. 
Ao desenvolver projeto, publicado pela escola, indagaram-me sobre o significado da arte denominada "barroca missioneira". Pela pesquisa, descobri que foi um estilo, surgido na Europa, por volta de 1660, prolongando-se até 1710. O termo pode significar superfície de pérola irregular, excesso de escultura e de ornamentação. É definido numa frase proposta pelo escritor Jackes Lacan: “O barroco é a regulação da alma pela escopia corporal”. Quer dizer: é aquilo que aparece, se faz visível através da encenação, da obra, da arte. É o que vai regular a alma, seu ser. A arte barroca, que surgiu em meio a um clima de austeridade e repressão na Europa, típica da Contra-Reforma, tinha por objetivo a propagação da fé católica no jogo entre o bem e o mal. Em dado momento histórico, mais precisamente, no século XVI, a partir de 1607, vieram os missionários jesuítas, padres da Cia. de Jesus, primeiros europeus a penetrar e se estabelecer no sul do Brasil, encarregados da Conquista Espiritual da América. Parte de seu projeto são os Trinta Povos, denominados Missões, da Província Jesuítica do Paraguai, que se localizava na Bacia do Rio da Prata e corresponde, atualmente à parte do território do Paraguai, Brasil e Argentina. A conquista espiritual foi feita essencialmente pela persuasão. Formas exuberantes, cheias, viçosas, coloridas e animadas são as características da arte barroca. Na concepção barroca, a aparência implica o ser e estabelece uma seqüência lógica: imitar os gestos – fazer os gestos – induzir o ser... Foi pela inebriante beleza do conjunto da arte retórica, plástica e musical trazida pelo europeu e mesclada com os retoques da primitividade do artífice indígena, reduzido nas missões, que surgiu a arte barroca missioneira, ou seja: um barroco “indianizado”. A representação do êxtase e da agonia em aparições de figuras divinas, que pela sublimidade de gestos e expressões, pudessem inspirar devoção, foi encontrada em obras reconhecidas como feitas pelos jesuítas ou indígenas copiadas de modelo europeu. Porém, à medida que o indígena se distanciava do modelo, ia moldando do seu jeito, feições plácidas, não conseguindo reproduzir o imaginário artístico da Contra-Reforma. Esculpia o que via de santidade, nada mais que os padres e sua condição humana de pregação com seus pesados hábitos e gestos rituais. Os corpos e vestes voluptuosas ficavam por conta dos missionários. Após o aprimoramento do traço guarani, este colocava sua própria impressão nas imagens esculpidas ou pintadas. Percebe-se isso, em uma imagem de Nossa Senhora que tem cabelos e traços fisionômicos próprios dos indígenas. Isso demonstra que os índios não eram apenas copiadores, como muitos pesquisadores pensam, mas eram verdadeiros artistas que viam na arte uma forma de expressar seus sentimentos. Assim se explica a beleza dos quadros, esculturas e a perfeição da melodia nos corais e orquestras. Segundo BELLOMO (1997, p. 42) “[...] em resumo: nas imagens missioneiras os aparentes exageros do barroco europeu foram, por assim dizer, corrigidos pela natureza severa e grave dos indígenas”.Foi assim que surgiu um novo ramo do estilo artístico europeu: a arte barroca missioneira. Fonte: http://www.Freud-lacan.com

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