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sábado, 8 de setembro de 2007

Missões: conhecemos nossa história?

No ano de 2005, o tema “Missões” foi de grande destaque e ganhou o prêmio principal no desfile carnavalesco do Rio de Janeiro com a Escola Beija-Flor. O Brasil inteiro ficou encantado com o espetáculo que teve repercussão mundial. Mas, quantos serão os brasileiros que realmente conhecem o que se passou nas Missões? Quantos gaúchos e até missioneiros há, que pensam tratar-se apenas de um mito ou, lenda? No entanto, existem vestígios materiais e humanos suficientes para contar a história. Historiadores e pesquisadores fazem a sua parte. Cinco séculos passaram desde a vinda dos primeiros colonizadores na América. Diversos espaços conheceram um longo, lento e gradual processo de mudança cultural influenciado fortemente pela arte sacra. Nas 30 reduções de índios Guarani que padres jesuítas fundaram e desenvolveram ao longo do rio Uruguai, entre os anos de 1609 a 1768, foram produzidas mais de quatro mil peças de escultura, das quais restam trezentas, dispersas em vários museus. A maioria das imagens era de santos, talhadas em madeira e pintadas. Representavam estilos variados. Algumas possuíam articulações e cavidades dorsais para serem usadas em espetáculos sacros e procissões. As reduções tiveram grande desenvolvimento econômico, social e tecnológico. À medida que a organização de padres e índios prosperava e se tornava mais independente, começavam os conflitos entre as monarquias ibéricas: Portugal de um lado, Espanha do outro, disputando entre si as terras colonizadas. A conseqüência dessa disputa foi um “arraso” para os povos indígenas. Quando a região foi colocada em pauta no Tratado de Madri, iniciou sua decadência. Pelo acordo, os índios deveriam abandonar as Missões e seguir para as áreas dominadas pela Espanha. Marcados pela violência dos bandeirantes paulistas, padres e Guarani rebelaram-se e se recusaram a aceitar os portugueses como novos senhores. Estourou então a “Guerra Guaranítica” liderada por Sepé Tiaraju para enfrentar as tropas portuguesas, juntamente com outros caciques Guarani. A repressão foi dura, pois naquele momento se uniram os exércitos portugueses e espanhóis. Durou três anos, de1753 a 1756. Sepé foi morto, juntamente com milhares de Guarani. Perdida a guerra, os indígenas e os padres abandonaram as aldeias passando com os sobreviventes para o lado paraguaio. Alguns que ficaram ainda resistiam. Doze anos mais tarde, vendo que a presença dos jesuítas dificultava o controle da região, o rei da Espanha os expulsou das províncias platinas, acabando com o trabalho de quase 160 anos em mais de 70 aldeias cristãs fundadas. Expulsos de suas terras, os Guarani espalharam-se na Argentina e Paraguai, até a guerra que quase os exterminou na segunda metade do século 19.As reduções foram uma experiência diferente dentro da época colonial: uma tentativa de cristianizar os indígenas, guardando alguns valores nativos, como a língua e certas formas de organização. Hoje, das reduções, só restam ruínas e a lembrança de uma experiência que quis ser diferente...

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