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domingo, 28 de outubro de 2007

Musicalidade gaúcha

O gauchismo no Rio Grande do Sul se caracteriza por um conjunto rico e diversificado de elementos integrantes no seu folclore tradicionalista. Folclore, entendemos como ciência que aglutina as tradições de uma região, expressas em suas crenças, contos, provérbios, lendas, usos e costumes. É a cultura popular que se torna norma através da tradição. Assim o Folclore planta suas raízes no passado imemorial da sociedade, e se projeta com voz do presente e do futuro.

Gaúcho é o nome pelo qual é conhecido o homem do campo na região dos pampas da Argentina, Uruguai e do Rio Grande do Sul e particularmente, os nascidos neste estado brasileiro.

No início, o termo foi aplicado, em sentido pejorativo (como sinônimo de ladrão de gado e vadio), aos mestiços e índios, espanhóis e portugueses que naquela região, ainda selvagem, viviam de prear o gado que, fugindo dos primeiros povoamentos espanhóis, se espalhava e reproduzia livremente pelas pastagens naturais. Livre, sem patrão e sem lei, o gaúcho tornou-se hábil cavaleiro, manejador do laço e da boleadeira.

O reconhecimento de sua habilidade campeira e de sua bravura na guerra fez com que o termo "gaúcho" perdesse a conotação pejorativa. Paralelamente, surgiu uma literatura gauchesca, incorporando as lendas de sua tradição oral e as particularidades do seu dialeto, e exaltando sua coragem, apego a terra, seu amor e liberdade.

As artes que assumem o registro da história de um povo, cumpriram o seu papel também em relação ao nosso gaúcho. Prova disso são as inúmeras canções e poesias de renomados artistas que através delas revelam as façanhas do povo no passado e no presente e exaltam as belezas e o orgulho pela terra rio-grandense.

Pintura, desenho, teatro, cinema, escultura, música e danças, expressam sentimentos e retratam flagrantes da vida de nosso estado. No mês de setembro as músicas e danças regionalistas ganham um destaque especial no Rio Grande do Sul.

Existem vários ritmos que fazem parte da cultura gaúcha, mas a maioria deles são variações de danças de salão populares trazidas da Europa no século XIX. São ritmos, derivados da valsa, do xote da polca e da mazurca. Passaram a ser incorporados em nossa tradição. Foram adaptados como vaneira, vaneirão, chamamé, milonga, rancheira, xote, polonaise, chimarrita e outras.

O único ritmo que realmente é gaúcho é o bugio, criado pelo gaiteiro Wenceslau da Silva Gomes, conhecido como Neneca Gomes, em 1928, na então província de São Francisco de Assis. Inspirado no ronco dos bugios, macacos que habitam as matas do Rio Grande do Sul. O “Bugiu” – segundo livro de Adelar Bertussi e Valdir Teixeira - é um ritmo gaúcho de origem muito remota (fins do séc. XIX). Era uma dança de peões com chinas indígenas, sob qualquer som musical da época. No início do Séc. XX já era dançado ao som de gaitas de botão, mas ainda como dança não social. Mais tarde foi requintado com arranjos de gaitas apianadas e passou a ter letra própria enfocando a presença do macaco bugio no contexto.

Hoje o Bugiu é dança de salão e deu origem a grandes festivais nativistas como "Ronco do Bugiu" em São Francisco de Paula e "Querência do Bugiu" em São Francisco de Assis.

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