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domingo, 23 de setembro de 2007

Gaúcho - mescla de raças

Assim se fez o gaúcho: não como sendo um tipo étnico racial mas, pela caracterização de sua atividade, seu modo de viver, pelos usos, costumes, crenças, valores, sua cultura. No princípio os donos desta terra sul-rio-grandense eram os índios (Tapes, Charruas, Patos, Minuanos, entre outros) dos quais o gaúcho herdou o uso das boleadeiras, do laço, o governo do cavalo, o chimarrão, o pala, o chiripá, lendas e mitos. “Houve gaúchos autênticos que foram portugueses. Outros, espanhóis, outros, índios puros, guaranis ou m'baias. Alguns foram negros. No Rio Grande do Sul são conhecidos, ao longo da História, gaúchos de sangue alemão, de sangue italiano e até mesmo gaúchos judeus e gaúchos descendentes de árabes.” (Antonio Augusto Fagundes). Vieram os espanhóis. Primeiro os padres jesuítas que trouxeram o gado, depois os prisioneiros, desertores ou aventureiros que cruzaram o Rio Uruguai produzindo a primeira mestiçagem com os índios. Não tardaram os Bandeirantes, paulistas e curitibanos, brasileiros mestiços, organizados em bandeiras para explorar o território, prender índios reduzidos e formar vilas, hoje cidades, como Passo Fundo, Cruz Alta e Vacaria. Foram hábeis tropeiros. O tropeirismo teve papel fundamental no desenvolvimento e na integração do Estado e do Brasil. Com o tratado de Madrid (causa principal da Guerra Guaranítica que dizimou e dispersou os indígenas) chegaram os açorianos (portugueses Ilhéus). Expansivos, nos legaram as danças como a “chimarrita”, o “tatu”, o “anu” e a “tirana”. A festa do Divino Espírito Santo, a pesca artesanal, trovas, canções e provérbios são devidos aos açorianos. Os negros trazidos como escravos pelos portugueses ou por brasileiros descendentes de portugueses e índios (mestiços), chegaram a partir de 1725. Inicialmente trabalharam nas fazendas, que se formavam a partir da distribuição das sesmarias, e depois constituíram a mão de obra preferencial das charqueadas. Foram peões de estância, carreteiros, domadores, e valorosos soldados. Legaram ao gaúcho a feijoada, o mocotó e o quibebe. São deles várias palavras do linguajar gauchesco (cacimba, sanga, xerenga, etc). A alegria, a coragem, a generosidade, o gosto pela liberdade e o amor intransigente ao “pago”, são características marcantes do gaúcho. Estas virtudes podem ser atribuídas ao somatório das crenças, valores e ideais das diversas etnias citadas. Porém, devemos acrescentar a esta primeira formatação do gaúcho, outras etnias, especialmente as duas mais significativas, seja pela abrangência, seja pela significação numérica de imigrantes: os alemães e os italianos. Os imigrantes (colonos) europeus deram importante contribuição na formação do gaúcho, como o temos hoje. A ética do trabalho, o cultivo da terra, o gosto pela cantoria, a religiosidade, vários pratos da nossa culinária, algumas danças e, do alemão, até o serigote (tipo de encilha para os animais cavalares). Além dessas origens étnicas, em algumas regiões do Estado vamos encontrar poloneses, judeus, árabes, suecos e outros. Quanto mais variados os grupos étnicos em determinada região, mais rica e significativa será sua cultura gauchesca local (usos, costumes, hábitos, crenças, princípios e valores). Cada uma das etnias contribuiu para que hoje tivéssemos o gaúcho como resultado de uma mescla de raças. (Fonte: www.semanafarroupilha.com.br)

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