A arte milenar da troca
Perto dali, um vizinho seu também andava preocupado com um problema de superprodução. Distraía-se fazendo potes e agora, que chegou a fome, sobravam-lhe vasilhas, mas faltava o que cozinhar dentro delas.
Ocorreu que o caçador e o oleiro se encontraram e o primeiro teve uma idéia engenhosa: ceder uma de suas caças ao oleiro. Isso poderia reduzir seu estoque, mas sem dar prejuízo, pois o outro decerto iria retribuir a gentileza, dando-lhe uma vasilha. Assim pensando, propôs a troca, que foi aceita sem pestanejar. Com a fome que estava o oleiro, daria até seus potes todos por um pedaço de carne.
Concluída a transação, cada qual seguiu seu rumo, sem suspeita de nenhum dos dois que, com aquela troca pioneira haviam criado um campo novo e importantíssimo para a atividade humana: o comércio. A partir dali em pouco tempo, cada povo foi criando e aperfeiçoando seus próprios métodos na arte de trocar e se então se tornou um hábito dos mais divulgados.
Entre os primitivos sistemas de trocas, um dos mais originais era praticado pelos pigmeus da África Central: iam, à noite nas plantações dos vizinhos e colhiam o que precisavam, deixando em pagamento, animais mortos ou outros produtos. Se os proprietários das roças estavam satisfeitos, isso nem os preocupava. O negócio tinha sido feito, pago, e pronto.
Tanto essa como outras formas primeiras de comércio tinham seus inconvenientes. A pessoa que oferecia algo tinha que interessar-se por aquilo que a outra quisesse dar em troca, caso contrário, não havia acordo possível. Além disso, quando os objetos escolhidos para a troca tinham valores diferentes, ficava difícil ajustar as contas. Foi por isso que se criou a moeda – uma medida de valor fixo, que estabelecia o preço de produtos de naturezas diferentes.
Para funcionar como padrão de troca, ou moeda, os antigos escolhiam sempre que possível materiais mais ou menos raros, atraentes e duráveis. Entretanto, o uso de objetos como moeda criava problemas. Um deles era a queda do valor monetário quando o objeto se tornava vulgar e era preciso encontrar outra coisa que o substituísse.
Por algum tempo foram usados como dinheiro o ferro e o cobre e, como se vulgarizassem, tiveram que dar lugar a metais mais raros como a prata e o ouro que ainda hoje continuam sendo usados na confecção de moedas.
Com o aumento do valor e do volume de negócios, o dinheiro metálico deixou de ser prático. Em grandes transações comerciais eram exigidas pesadas sacas de moedas, que dava um grande trabalho para transportar. Em vista dessas complicações foi que alguém teve a idéia de imprimir dinheiro mais prático, o que temos ainda hoje: cédulas em papel.
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